quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ogham - O Alfabeto das Árvores

...uma página do Livro de Ballymote.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A Sabedoria das Tríades


«Três sinais de sabedoria:
paciência, proximidade, o dom da profecia.»
Tríade Irlandesa

Teoria da Contuidade Paleolítica - "Do Ocidente vem a Luz..."



Já ouviram falar?

O nome é um bocado esquisito, é um facto. Mas a teoria em si é interessante. Ora vejamos...

Implica pôr em causa tudo o que conhecemos e tem a ver com as antigas línguas da Lusitânia e da própria Ibéria...

Resumidamente:

"A Teoria da Continuidade Paleolítica é uma hipótese que sugere que a hipotética língua Proto-Indo-Europeia pode ser traçada até à era Paleolítica, dezenas de milhares de anos antes do Calcolítico, ou, no máximo, até ao Neolítico."

"A T. da C. P. sugere que o advento das línguas Indo-Europeias deve ligar-se à chegada do Homo Sapiens à Europa e Ásia vindos desde a África no Paleolítico Superior."

"A expansão colonial dos Celtas começou muito antes do período de La Tene e deu-se de Oeste para Este, e não vice-versa."

Assinalei a negrito um pormenor que me parece interessante, pois já alguns arqueólogos do início do séc. XX postulavam esta teoria, incluindo Martins Sarmento, p. ex.

Temos tendência a pensar que a civilização, a sabedoria, a língua, vem sempre "de outro lado", do "oriente", etc. mas será que as coisas são assim tão lineares e simplistas? O facto é que não temos provas que sustentem concretamente esta hipótese. A T. da C. P. é assim, pelo menos, tão ou mais válida que a teoria geralmente defendida pelos arqueólogos nos circuitos académicos...

Fonte: (wikipedia)

Há um livro da editora "Apenas Livros" exactamente sobre este tema. Merece a pena ser lido.

domingo, 18 de janeiro de 2009

O Javali: Um símbolo da espiritualidade ancestral

Fotografia de um Javali, um dos animais mais respeitados pelos antigos povos celtas.

Segundo alguns autores, o seu simbolismo está ligado ao poder espiritual, enquanto o Urso está ligado ao poder temporal. Esta dualidade estaria representada nas duas constelações, respectivamente a Ursa Menor e Ursa Maior.

A Ursa Menor era conhecida dos povos celtas pelo nome de Eburos (Javali em céltico), enquanto a Ursa Maior era chamada de Arthos. Nesta altura, o movimento de Arthos em torno de Eburos (onde se encontrava a Estrela Polar) poderia bem representar a submissão do poder temporal ao poder espiritual... Porém, esta ordem de valores e a própria organização social foi drasticamente alterada. O poder temporal passou a dominar toda a sociedade, sobrepondo-se ao poder espiritual - fonte emanadora da Sabedoria Ancestral.

E assim se registou nos céus esta severa mudança polar. O poder temporal sobrepôs-se e impôs-se a qualquer outro poder, alterando-se o próprio nome desta constelação de Eburos.

Os resultados desta inversão de valores estão bem à vista...

Os Filhos de Mil

Segundo o medieval Livro das Invasões da Irlanda, o herói celta Breogan (também chamado Golam) construiu a cidade de Brigantia, bem como a sua Torre (na foto à esquerda está uma (re)construção dessa Torre, na Corunha - Galiza).

Foi ao subir esta Torre que o seu filho Ith viu a Ilha Verde (Irlanda) pela primeira vez... e o seu desejo impeliu-o a comandar a primeira expedição até a esta terra antiga. Porém, tal não se revelou uma tarefa fácil. Ith foi traiçoeiramente assassinado.

Ao saber deste acontecimento, o seu irmão Mil decidiu vingá-lo e, acompanhado pelo bardo-druida Amergin, os Filhos de Mil conquistaram a Ilha Verde à raça semi-divina do Povo de Dana (Tuatha de Danann).

O Povo de Dana foi assim forçado a viver no submundo, habitando as mamoas e os antigos recintos sagrados dos povos antigos, convivendo com os seres humanos em planos distintos mas que por vezes se entrecruzam...

Os Filhos de Mil conduziram a última das invasões míticas da Irlanda, após os Cessair, Partholon, Nemed, Fir Bolg e os Tuatha de Danann.

O Livro das Invasões, bem como outros registos míticos irlandeses, é uma das bases que permite o estudo das antigas crónicas dos povos celtas. Provavelmente, muito do seu conteúdo terá sido alterado. A sua "validade histórica" é decerto constestável. Mas é inegável a sensação da "corrente celta" que ainda corre nestes relatos...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Por terras Vimaranenses, entre o Triskel e a Cruz...

Um visitante que veja com atenção o Museu de Martins Sarmento, em Guimarães, irá deparar-se com singelas e antigas pedras gravadas, pré-cristãs, onde figuram, lado a lado, cruz e triskel...

Tive esta surpresa ao visitar este belíssimo museu, e foi com a mesma surpresa que encontrei um outro blogue que teve a sagacidade de tirar uma foto a um destes exemplares e colocá-la online.

Seria interessante abordar esta curiosa simbologia e a possível relação entre ambos.

Acrescente-se o facto de, apesar de não estar visível nesta foto, existe igualmente um pentagrama gravado nesta mesma pedra. Será tentador pensar numa simbologia 3 (triskel) + 4 (cruz) + 5 pentagrama = 12.

Imagem retirada de:
http://peregrinar.blogspot.com

Anta e Capela, Anta-Capela ou Capela-Anta?!

Fotografias da Igreja de Nossa Senhora do Monte, em Penedono.

Um monumento funerário transformado num espaço de culto... ou não será antes o reconhecimento do anterior espaço de culto transformado e adaptado para um novo culto?

De qualquer das formas, parece-me ser um dos mais belos exemplos de "Antas-Capelas" em território português. Outros existem também, dignos do maior interesse, a título de exemplo: Alcobertas, e Pavia.

É curioso reparar, na fotografia de baixo, que ainda é visível uma boa parte da mamoa (o monte de terra que envolvia a anta).

Afinal, parece ser possível uma convivência entre o culto dos Antigos e os novos cultos.

Há coisas engraçadas...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Menir do Vale de Maria Pais

Existe na região do Penedono um interessante "santuário" constituído por um menir (recentemente restaurado) e uma assim chamada "sepultura" escavada na rocha. Segundo alguns investigadores, existiria uma funcionalidade ritual entre ambos. A "sepultura" relembra um pouco aquela existente na célebre "Câmara do Rei" (na Pirâmide de Quéops, Egipto). A sua função não seria funerária, mas, antes, iniciática.

Será curioso repararmos num motivo que se encontra gravado neste menir (imagem à esquerda). É geralmente interpretado como um "motivo solar", e é provável que o seja. Porém, não poderemos deixar de notar uma semelhança com o símbolo do "awen" druídico. (em baixo) O letreiro existente junto ao momento, que inclui uma reprodução desta mesma gravação, poderá ser consultado aqui.

sábado, 10 de janeiro de 2009

A Celtibéria e o Mysterio

Na maior parte das vezes, quando falamos dos povos Celtas vem-nos à mente a Escócia, Irlanda, Bretanha, mas... e os povos Celtibéricos?

Segundo os mais recentes estudos, sobretudo ao nível linguístico, tudo aponta para que as raízes do próprio gaélico se encontrem na Península Ibérica. Curioso não? Ironicamente, trata-se do único território onde a língua celta se perdeu totalmente, ao contrário do que aconteceu com o bretão, o gaélico escocês e irlandês, e até mesmo o "manx".

Por que raio pouco ou nada subsistiu até aos nossos tempos?!... Os irlandeses, galeses, bretões, viram parte da sua mitologia mais remota subsistir, ainda que "alterada", até aos nossos tempos, graças às tradições orais, bem como a registos literários, lembremo-nos do caso dos monges irlandeses, p.ex., uma das principais fontes consideradas mais ou menos "fidedignas" ou, pelo menos, contendo uma "chispa" do pensamento dos antigos celtas...

Pois é, parece que a Ibéria sofreu um "apagão" geral no que toca à sua antiga mitologia, história, cosmogonia... Isto certamente é devido, em grande parte - pelo menos - à imposição dogmático-religios-doutrinária da Igreja. Nem os nomes dos deuses nos dias da semana nos deixaram... e parece que esta "perseguição cultural-espiritual" atingiu, dentro da Península, sobretudo o território português. Quer em castelhano, como no galego, por exemplo, se manteve os dias da semana com os nomes dos deuses romanos: "lunes" (em castelhano) - Segunda-feira.

Efectivemente, houve um rompimento a três níveis "do ser ibero" com a sua "identidade":

1) O rompimento com os ancestrais e a memória da tribo
2) O rompimento com uma ligação sagrada à terra que nos sustenta e providencia a nossa própria sobrevivência
3) O rompimento com os deuses e a divindade

Como poderemos, então, hoje em dia, efectuar esta "re-ligação" com os vários planos? O que terá hoje de útil e benéfico para nós esta procura e este "despertar"? Triste é o povo que não conhece o seu passado, as suas raízes, é como uma árvore com um tronco inseguro, que não resiste a uma tempestade, pois não está seguro... é como uma árvore cujos frutos não têm sabor, não têm cor e não têm nome. Porém, as raízes estão lá, ainda que invisíveis. Elas precisam da escuridão para mergulhar nas profundezas da nossa mãe, a Terra, e aí procurar nutrir a árvore. Não procuremos, assim, desenraizar a árvore, mas, antes, conhecê-la. E que melhor forma de conhecer as suas raízes do que olhar para o seu espelho, os ramos?

Teimosamente, o interesse pela redescoberta dos nossos antigos costumes e cultos está, hoje, em franco crescimento. Grande parte deve-se, certamente, a Leite de Vasconcellos, arqueólogo e pesquisador incansável, que palmilhou o nosso país de lés-a-lés no início do século passado, procurando "cacos antigos" e "coisas dos mouros"... homenagem lhe seja feita.

Resumidamente, pouco ou nada temos de certo que nos indique os atributos de um deus, o simbolismo de um monumento precipitadamente categorizado como sendo apenas "funerário" ou "devocional". Pouco ou nada temos, no entanto, é uma prestigiosa aventura mergulhar no passado intemporal e procurar desvelar, pressentir pequenas facetas, pequenos traços, de um grande todo, do qual hoje apenas conhecemos certos aspectos. Certamente a especulação é sempre algo subjectivo, mas isso não nos impede de especular. O máximo que pode acontecer é não chegarmos a nenhuma conclusão que possa ser considerada como "a verdadeira".

Mas não será uma aventura que vale a pena ser vivida?...

Certamente este caminho poderá trazer-nos muitas surpresas, que deixarão muita gente surpreendida...

11.1.2009

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A Memória dos Antepassados

Em tempos idos, que hoje se ocultam na bruma do mistério, existiu uma terra chamada Ophiussa: "A Terra das Serpentes". Esta terra fazia parte do território que hoje é português.

Segundo as palavras de Rufus Avienus Festus (séc. IV) na Ora Maritima, o povo Oestrimni habitava a terra de Oestriminis ("O Extremo Ocidente"). Estas gentes ali viveram durante muito tempo, depois de sairem da sua terra natal após uma invasão de serpentes. Este será o "povo das serpentes" e o "povo dos dragões".

A terra do "fim-do-mundo", a finisterra da mais remota antiguidade atraiu até si povos de todos as regiões do mundo conhecido. Porém, os pouquíssimos registos escritos que existem sobre estes povos dizem-nos muito pouco sobre os mesmos. Como descobrir, então, as suas crenças, a sua sabedoria, os seus usos e costumes?

Que este vazio aparente sirva como inspiração para um preenchimento de autêntica busca da memória esquecida dos nossos nobres Antepassados.

10. 1. 2009